
André Borges, enviado especial, O Estado de S.Paulo – 09 Setembro 2017
URUAÇU (GO) – A persistência da seca e o encolhimento sucessivo do reservatório trouxeram efeitos colaterais para os municípios que ladeiam a orla de Serra da Mesa. Se, por um lado, o turismo sumiu, por outro as margens do lago passaram a ser alvo de ocupações irregulares. Morros e vales que antes ficavam embaixo d’água estão recebendo cercas de arame farpado. As pessoas estão estendendo seus terrenos até onde podem, chegado à beira da represa. São ações ilegais. Toda a área alagada pelo reservatório foi objeto de desapropriação antes da fase de enchimento da barragem, entre 1996 e 1998. Donos antigos receberam indenizações.
“É lamentável. Realmente há muita invasão em áreas que já foram indenizadas. Estão loteando a margem do lago. Essa orla está virando uma terra de ninguém”, diz Genésio Antônio Theodoro, vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Uruaçu (Aciau), em Goiás.
A estatal Furnas, empresa do Grupo Eletrobrás que administra a hidrelétrica e o reservatório de Serra da Mesa, confirmou que tem monitorado as invasões. “Furnas vem trabalhando sistematicamente na identificação, cadastramento e notificação das ocupações irregulares presentes na área de desapropriação do reservatório da hidrelétrica Serra da Mesa”, declarou.
O ocupante irregular das áreas, afirmou a empresa, “responderá administrativa, civil e penalmente conforme o grau lesivo de sua conduta, uma vez que as margens dos reservatórios têm importante função ambiental na preservação dos recursos hídricos, da fauna e da flora. Cabe ressaltar ainda que as construções irregulares podem sofrer inundações, criando diversos tipos de riscos para as pessoas e perda patrimonial não indenizável.”